Mais uma vez aquela dor estranha, melancolia, dias com um nó na garganta, e eu nem ao menos sei o porque da minha vontade de chorar.
Mais um grito abafado pela fumaça de outro cigarro.
Eu deveria parar com isso, penso mais uma vez enquanto encho meus pulmões.
Se torna comum o fato de substituir um vicio por outro, um erro por mais um erro.
As noites mal dormidas, cheias de medo e culpa,
um pouco mais de base pra esconder as olheiras. Um sorriso nitidamente falso, uma ultima tentativa de me esconder. Ilusões que me perseguem durante o dia, e me machucam a noite, pesadelos reais e sonhos inalcançáveis.
Vejo meu reflexo no espelho, uma imagem deformada, tão diferente do que ouço sobre mim, quem está certo? Quem é aquela que dizem que sou? Eu não a conheço, eu não sou o que pensam.
E no chuveiro, longe de olhares alheios eu me liberto, no vapor da água que cobre o meu corpo, minhas lagrimas são imperceptíveis, grito em silencio, ouvindo meus demônios.
Insana a maneira como sofro, risos de dor, cortes, lagrimas e alivio, gritos abafados e um prazer indescritível. O prazer de ser quem sou, prazer de me libertar da mascara que me acorrenta, como um momento pode significar tanto? um momento de dor, prazer, insanidade e liberdade, onde ninguém pode me julgar pelo que sou.